segunda-feira, 25 de março de 2013

Pontos de venda de conveniência x E-commerce

Postado por Gilberto Strunck


É notável o crescimento do comércio on-line no Brasil. Segundo o E-bit, o faturamento no varejo virtual passou de R$ 8 bilhões em 2008 para R$ 23 bilhões no ano passado. Um incrível crescimento de 187,5% em 5 anos! As razões são muitas. As opções de produtos são globais. Os preços, usualmente, são mais baixos do que os praticados nas lojas físicas. Pode-se comprar de qualquer lugar a qualquer tempo e, é claro, a logística melhorou e a credibilidade do canal cresceu muito com o passar do tempo.


Por outro lado, a prática de comprar um produto dentro do metrô utilizando seu smartphone, em nada se compara à vivência de entrar em uma loja, em um ambiente que nos transmite imediatamente uma série de sensações e informações, de ter acesso direto aos produtos, de poder experimentá-los e, se for o caso, levá-los na hora. Isto tudo, se possível, assistidos de um profissional educado e preparado para auxiliar nossas compras, transformando uma relação puramente comercial em uma relação humana, passível de criar vínculos.

Pontos de venda de conveniência x E-commerceJá abordei esta questão aqui, no artigo SmileMarketing. A importância dos vendedores nas lojas. Do acolhimento, da boa educação. Como o “sorriso” é fundamental para o sucesso de um negócio!

Sou um viajante contumaz. Adoro conhecer e registrar os modelos de varejo por este mundo afora e, é claro, das pessoas que neles trabalham. Dentre as centenas de modelos existentes, me fascinam os microempreendedores, os ambulantes,profissionais que levam suas lojas diretamente aos clientes, oferecendo-lhes a conveniência de que necessitam naquela hora e lugar. Destes, apresento aqui três modelos diferenciados, trazidos de praias de Porto de Galinhas, em Pernambuco.

Severino, vendedor de “quebra-queixo”, doce típico da região. Ele mesmo produz diariamente dois tabuleiros, que vende em fatias de R$ 2 ou R$ 3, em função dos tamanhos. Além do produto, ele mesmo projetou e construiu o seu ponto de venda ambulante. Com o seu desembaraço e simpatia, chegou a faturar R$ 400/dia (seu recorde no verão).

Pontos de venda de conveniência x E-commerceJá o seu Mohamed tem uma história superinteressante. Filho de pai árabe e mãe brasileira, viveu em Meca, na Arábia Saudita, até os 22 anos, quando veio morar no Brasil. Aqui, entrou para a Polícia Rodoviária Federal, através da qual conheceu muitos dos nossos estados. Aposentado, ele tem 81 anos, comprou uma área com 2.000 cajueiros no Ceará, que produzem o ano todo. Ele processa a castanha de caju lá e vende diretamente o produto na praia, cerca de 500 kg/mês. São castanhas grandes e inteiras, tipo exportação. O seu Mohamed fatura, pasmem(!), R$ 20.000,00, mensalmente. Muito bom para um ambulante, não é mesmo?

Pontos de venda de conveniência x E-commerceO terceiro exemplo é o do Januário, vendedor de sorvetes. Ele inventou um tipo de atendimento ainda mais conveniente para praias de mares calmos, como as da região. Januário, ele mesmo, transformou seu carrinho em um flutuador, para atender os clientes diretamente dentro da água. Uma vantagem competitiva sobre a concorrência, que resulta em compras por impulso, um faturamento extra a cada dia.

Estes são alguns modelos de “pontos de venda de conveniência” que se contrapõem diretamente ao e-commerce. Varejos que, graças à criatividade, à inteligência e ao empreendedorismo de seus donos, aliados ao atendimento pessoal, humano, representam algumas das infinitas e ricas possibilidades de compra  e consumo
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