segunda-feira, 6 de maio de 2013

Escritor passa um ano longe da internet e volta pra nos contar como foi


Há um ano, o jornalista e escritor Paul Miller anunciava para o mundo inteiro que ia passar um ano inteiro sem QUALQUER conexão com a internet. Aos 26 anos, ele cresceu praticamente em um mundo online e, como colunista de tecnologia, a internet era, de fato, parte essencial de seu trabalho.
Na época, perguntamos se era possível tal empreitada sem que a pessoa fosse ejetada do planeta. Mas aí está, um ano depois, Miller ainda está vivo e quer falar sobre essa experiência.

E se você tá achando aí que o cara vai dar uma lição de moral em todos nós, pessoas cada vez mais dependentes da internet para trabalhar e se relacionar, vai se surpreender com algumas conclusões dele. Seguem partes do relato do rapaz:
“Eu estava errado. Um ano atrás deixei a internet. Achei que ela estava me fazendo improdutivo. Pensei que faltava sentido ali. Pensei que estava ‘corrompendo minha alma’.

Faz um ano desde que ‘naveguei’ pela web ou chequei meu e-mail ou ‘curti’ alguma coisa com algum ícone que não fosse meu próprio dedo. Consegui ficar desconectado, tal como planejei. Estou internet free.

E agora supostamente eu deveria contar a vocês como resolvi todos os meus problemas. Supostamente eu seria agora uma pessoa iluminada. Supostamente eu seria uma pessoa mais ‘real’, mais perfeita.

Mas em lugar disso são 8 da noite e eu acabei de acordar. Dormi o dia inteiro e estou com oito mensagens de amigos e colegas de trabalho na minha secretária eletrônica. Fui ao café pra jantar, ver o jogo do Knicks, ler meus dois jornais e uma cópia do The New Yorker. Neste momento estou assistindo Toy Story enquanto observo o cursor deste texto piscar na tela, desejando se escrever automaticamente, ansioso por gerar epifanias que minha vida falhou em criar.
Eu não queria encontrar este Paul no fim dessa minha jornada de um ano.”

O princípio:
“Tudo começou muito bem, posso te garantir. Eu realmente comecei a cheirar as flores. Minha vida estava cheia de eventos fortuitos: encontros reais com pessoas, frisbee, passeios de bicicleta e literatura grega. Sem muita ideia de como fiz isso, consegui escrever metade de meu romance e mandava um texto para o The Verge uma vez por semana.
Perdi quase 7 quilos sem nem tentar muito. Comprei roupas novas. E as pessoas me contavam como eu parecia bem, feliz.”

O tempo foi passando e…
“No fim de 2012, aprendi um novo jeito de tomar decisões erradas no mundo offline. Abandonei meus hábitos positivos fora da internet. E em lugar de transformar tédio e falta de estímulo em aprendizado e criatividade, me tornei um consumidor passivo e me afastei do convívio social.”

Conclusões:
“As escolhas morais que fazemos não são muito diferentes dentro e fora da internet. Coisas práticas como mapas e compras offline não são difíceis de se acostumar. As pessoas ainda se sentem bem em te indicar que caminhos seguir na rua. Mas sem a internet, certamente é mais difícil achar as pessoas. É mais difícil fazer uma ligação que enviar um e-mail. É mais fácil escrever pra alguém via SnapChat ou Facebook do que chegar na casa dela. Não que esses obstáculos sejam intransponíveis. Até consegui ultrapassá-los no começo, mas isso não durou muito.”

O relato completo, em inglês, você pode conferir aqui.

Ou ainda assistir ao vídeo feito sobre essa corajosa e curiosa experiência vivida por Paul Miller:


Nenhum comentário: