sexta-feira, 13 de março de 2009

Conquistar e fidelizar

Conquistar e fidelizar clientes, atrair e reter talentos. Essa é a equação da eficiência que a moderna gestão tem de resolver, segundo o best-seller e consultor organizacional César Souza. Ele fala aqui das angústias que rondam os grandes líderes e aponta quais reflexões e estratégias podem levar o time organizacional aos melhores resultados. Ah, sim, "sonhar é preciso", enfatiza Souza.

Quais são os pilares da gestão moderna? Qual é a estratégia dos vencedores? A Gestão Moderna tem três focos: clientes; talentos; resultados. Sempre disse que o DNA vencedor é aquele que alinha de forma inteligente as pessoas, os clientes e os resultados. Essas três variáveis têm de andar de mãos dadas. Não é possível encantar clientes sem encantar talentos.

Uma empresa só consegue clientes fiéis se tiver colaboradores fiéis. E tudo isso só faz sentido se der resultados. O outro pilar importante é o da inovação. E também a necessidade de gerar valor para toda a cadeia de valor da empresa. Quem pensa apenas no ROI ou Retorno dos Investimentos para acionistas não vai sobreviver muito tempo. Hoje tem de gerar valor para clientes, comunidades, colaboradores, fornecedores, etc. A geração de valor para acionistas resulta da geração de valor para esses outros componentes da vida de uma empresa.

Como é que os presidentes pretendem investir nesses pilares? Que tipos de ações estão sendo implementadas? Os Presidentes de empresas estão começando a ganhar consciência desses pilares. Muitas empresas dizem ter foco no cliente, mas, na pratica, continuam com foco no produto e continuam com o olhar de dentro para fora. Precisam passar a olhar suas empresas de fora para dentro. Isso leva uma geração para se concretizar, pois nosso modelo mental ainda é uma herança perversa da Era Industrial.

Quais são as grandes angústias e os grandes desafios dos presidentes no momento atual? Os principais desafios são como conquistar e fidelizar clientes e como atrair e reter talentos. As angústias são várias. A solidão do poder é uma delas. A sucessão é outra. O equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, mais uma. Vivemos todos angustiados. Essa poderia ser chamada a Era da Angústia.

Que mudanças você visualiza no universo corporativo, em termos de propostas de gestão, a médio e curto prazo? A principal mudança qualitativa é que as pessoas não querem mais emprego. Querem ser donas de seu próprio nariz. Querem autonomia, liberdade, desafios. A principal mudança que visualizo é do desenvolvimento de um nível de empreendedorismo interno e externo muito maior que o jamais visto no passado.

As empresas terão de oferecer oportunidades paras que seus talentos sejam empreendedores, mesmo que internos. A Era do Empregado está descendo a ladeira. A grande aspiração, o grande sonho hoje é ser empreendedor, mesmo que de um negócio pequeno.

Por isso muita gente está levando uma vida paralela: de um lado, a vida de executivo na grande empresa; do outro, o seu pequeno negócio.

"A pressa é inimiga da perfeição" é um dos valores da década passada que foi desbancado pelos novos tempos. Hoje, velocidade é fundamental, que nos perdoem os perfeccionistas. Que outros valores do passado recente foram desbancados? Vários valores estão sendo desbancados. Alguns ditos populares revelam essa tendência, como "Manda quem pode e obedece quem tem juízo"; "Você foi pago para fazer e não para pensar"; "Cada macaco no seu galho". Todos esses valores são as pérolas do pensamento da Era Industrial, estão sendo derrotados um a um, dia após dia.

A concorrência é pesada, as mudanças são quase imprevisíveis, endurecer é preciso? Como incorporar ideais de espiritualidade e sensibilidade no trabalho e, ao mesmo tempo, ter pulso firme para segurar o timão nas reviravoltas do cenário globalizado? Não acho necessário endurecer. Essa tática é oriunda do tempo em que se comparava estratégia de negócio com estratégia de guerra. Uma bobagem! O que é necessário é desenvolver a visão comum, o consenso de um propósito. O comprometimento é proporcional ao senso do rumo, ao sonho coletivo.

Quando o sonho não é coletivo, aí precisa endurecer para enquadrar. Mas quando o sonho é bem sonhado e o senso de propósito é comum, precisa é de inteligência, criatividade e coragem. E isso não se obtém com endurecimento. Endurecimento é a tática dos incompetentes.

Que papel tem os sonhos na vida dos líderes? Como eles podem se tornar etapas para a concretização dos ideais corporativos? Os sonhos é que movem o mundo. O sonho é a primeira etapa do planejamento estratégico das empresas bem-sucedidas como a Natura, Amil, Odebrecht, Embraer, Magazine Luiza, Marcopolo.

Os lideres empresariais bem-sucedidos são realizadores de sonhos, isto é, possuem a cabeça nas nuvens, mas os pés bem plantados no chão. Os lideres não buscam seguidores, formam outros líderes. Os grandes líderes não oferecem empregos, oferecem causas. Os grandes líderes conseguem entrar no imaginário dos seus clientes e captar os sonhos deles, assim como conseguem motivar seus parceiros e colaboradores, desenvolvendo um sonho coletivo.

Sobre César SouzaFormou-se em Administração de Empresas pela Universidade Federal da Bahia, estado onde nasceu, concluiu em 1976 seu MBA pela Vanderbilt University, e fez cursos de especialização em Oxford, MIT e Michigan. Foi vice-presidente da Odebrecht of America, Inc., nos Estados Unidos, até 1998. Em 1992, foi nomeado, pelo World Economic Forum, um dos "200 Global Leaders Tomorrow". Também é autor de um best-seller: Talentos & Clientividade. Sua obra mais recente: “Você é do Tamanho dos seus Sonhos”, da Editora Gente, já está na quarta edição.

Por Christiane Brito
Fonte: GESTÃO PLUS Nº 34 - ANO V - SET/OUT - PÁG 14 E 15 (www.gestaoerh.com.br)

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